As distintas casas da região
No que concerne à arquitetura tradicional, a região caracteriza-se por uma presença duradoura e, por vezes, uma fusão harmoniosa de diversas influências arquitetónicas, oriundas da Beira, de Trás-os-Montes e do Douro Litoral.
Tradicionalmente, o rés do chão tinha a função de adega e armazém, simultaneamente, no qual se guardavam os produtos agrícolas, ferramentas e a lenha; servia ainda de estábulo para o gado.
A construção do primeiro andar variava, alternando entre o xisto e o granito, conforme a abundância de recursos existentes no subsolo e a situação económica do proprietário.
Os blocos de granito, sobretudo o estimado “perpianho”, eram reservados às construções de elite. Independentemente da litologia local, as casas abastadas eram, predominantemente, de granito, muitas das vezes importado de terras vizinhas.
As residências nobres ou burguesas, assim como algumas infraestruturas de caráter religioso, apresentavam cantarias de granito nos cunhais, caixilhos das portas e janelas; já a restante fachada podia ser decorada com reboco e cal. Nas regiões onde o xisto era mais abundante, as habitações mais modestas utilizavam exclusivamente este mineral, deixando-o à vista ou caiado.
As técnicas de alvenaria incluíam a junção a seco ou a utilização de argamassa de barro ou cal, como material de ligação entre as pedras.
As telhas, feitas de barro, continuam a ser utilizadas atualmente,
Variedades como o canudo, também conhecido como meia-cana, mourisco ou português, são utilizadas há séculos.
A paisagem arquitetónica do Alto Douro revela uma dicotomia, deveras, fascinante, de estruturas requintadas, baseadas na compartimentação, a par de exemplares mais simples e rústicos. Algumas estruturas exibem paredes exteriores inteiramente construídas em xisto e/ou granito, desprovidas de divisórias.
A Quinta do Douro, caracterizada por um desenho geralmente simples e muito funcional, apresenta uma tonalidade caiada ou ocre. Engloba a residência do proprietário e as estruturas auxiliares de apoio às atividades produtivas- quartos dos caseiros, armazéns e os aposentos para os trabalhadores temporários, durante a época das vindimas. Muitas vezes, os armazéns e as adegas descem em cascata pela paisagem, utilizando a gravidade para auxiliar o processo de produção do vinho. A propriedade pode, ainda, albergar uma capela privada, invariavelmente o espaço que se encontra melhor cuidado.
A residência do proprietário não possui um estilo arquitetónico padrão, pelo que varia consoante a capacidade financeira dos mesmos. Símbolo de prestígio, pode existir um jardim formal a adornar a propriedade, com elementos distintivos, com destaque para as palmeiras e os ciprestes. O nome da Quinta, que se destaca num cenário caiado de branco, chama frequentemente à atenção, sendo visível ao longe numa encosta ou integrado na fachada do edifício.