FADO
O Fado, música apaixonante e carregada de saudade, é uma parte importantíssima da identidade musical portuguesa. Normalmente cantado carregado de sentimento por um(a) cantor(a) a solo, acompanhado/a da guitarra portuguesa; numa melodia e cantar que expressam tremenda nostalgia e saudade… Os temas mais populares remetem a poemas sobre o amor, sorte, destino (de cada um) e a narrativa diária da cidade em tempos de injustiça social. Proveniente do meio popular da Lisboa de 1800, o Fado estava presente nos momentos de lazer e convívio. Acontecia de forma espontânea, dentro ou fora de portas, em jardins, touradas, retiros, ruas e becos, tabernas, cafés de camareiras e casas de meia-porta. O Fado era usado como um reflexo da vivência de cada um na sociedade portuguesa, tendo em conta os diferentes contextos da época e demonstrado em locais mais marginalizados (frequentados por prostitutas, faias, marinheiros, empresários da noite e marialvas). Os fadistas (cantores, mas também atores) são descritos como figuras rudes, bruscas, encorpadas e que fazem uso de uma linguagem pouco cuidada, mas cuja voz rouca cativava. Claro que pela sua associação à sociedade marginalizada o Fado não era valorizado pelos (escassos) intelectuais da época sendo profundamente rejeitado. Dada a partilha de espaços lúdicos entre a aristocracia boémia e as franjas mais desfavorecidas da população lisboeta, a história do Fado cimentou-se com base no mito do episódio amoroso entre o Conde de Vimioso e Maria Severa Onofriana (1820-1846), uma prostituta cujo talento para o canto depressa a tornou uma das mais aclamadas figuras da História do Fado (e um eterno mito). Claro que esta relação amorosa entre “dois mundos” completamente diferentes deu origem a uma série de poemas, alguns cantados e, inclusive, adaptações para filmes e peças de teatro. Eventualmente, o Fado viu a sua extensão de influência ser aumentada e apropriada a partir de finais do século XIX, com o aparecimento de novas variantes. Foi também nesta altura que a guitarra portuguesa assumiu mais popularidade, graças à sua progressiva difusão dos centros urbanos para as áreas rurais. Nas primeiras décadas do século XX, o Fado foi, gradualmente, mais divulgado e ganhou consagração popular graças à publicação em jornais e à consolidação de infraestruturas para a realização de atuações. Formaram-se então agendas culturais, nas quais o Fado começava a assumir, cada vez mais, protagonismo, pois era visto como uma boa fonte de potencial rendimento (fixava elencos fixos que acabavam por constituir grupos artísticos que atuavam para grupos de turistas). Ouvir Fado tornou-se um ritual e para isso surgiram as casas de fado, concentradas sobretudo nos bairros históricos de Lisboa (Bairro Alto, sobretudo desde os anos 30). A transmissão de rádio permitiu que o Fado alcançasse cobertura nacional e quebrasse as barreiras geográficas do país, chegando a milhares de ouvintes, até que, em 1957, surgiu a Rádio e Televisão Portuguesa (RTP) que facilitou o processo de transmissão (uma vez que se tornou pública, a partir dos anos 70) e promoção dos artistas. Foi durante os anos 50, que Fado assumiu o caminho da poesia erudita, através da voz de Amália Rodrigues. Após a colaboração com o compositor Alain Oulman, o Fado começou a ser cantado com recurso a poemas de autores bem consagrados academicamente de entre os quais: David Mourão-Ferreira, Pedro Homem de Mello, José Régio, Luiz de Macedo, mais tarde Alexandre O’Neill, Sidónio Muralha, Leonel Neves e Vasco de Lima Couto, entre tantos outros. A divulgação internacional do Fado começou em meados da década de 30 e este espalhou-se pelo continente africano e pelo Brasil, destinos nos quais atuavam uma série de artistas, de entre os quais, Ercília Costa, Berta Cardoso, Madalena de Melo, Armando Augusto Freire, Martinho d’Assunção e João da Mata, entre outros. Ultrapassou barreiras linguísticas e culturais de tal modo que o Fado se tornou um ícone da cultura nacional graças a Amália Rodrigues que durante décadas de atuações ascendeu ao estrelato nacional e internacional. O interesse pela cultura musical local tem vindo a ganhar importância e para além de Amália, Carlos do Carmo também se assumiu um dos mais afamados fadistas portugueses. Nos anos 90 e com o virar do século surge uma nova geração de intérpretes talentosos: Mafalda Arnauth, Katia Guerreiro, Maria Ana Bobone, Joana Amendoeira, Ana Moura, Ana Sofia Varela, Pedro Moutinho, Helder Moutinho, Gonçalo Salgueiro, António Zambujo, Miguel Capucho, Rodrigo Costa Félix, Patrícia Rodrigues, e Raquel Tavares, a nível internacional. No entanto, a verdadeira protagonista é Mariza, cujo percurso fulgurante é repleto inúmeras premiações a nível mundial, tornando-se assim a mais aclamada embaixatriz do Fado.Igreja e Convento da Graça
A Igreja da Graça, uma das mais antigas de Lisboa, construída em 1271 foi oferecida aos Eremitas de Santo Augusto, embora a presente estrutura Barroca tenha sido construída no século XVIII, logo após o terramoto de 1755 ter destruído a fundação original. É no interior que se avistam as primeiras impressões: um intricado teto pintado, a estátua (ligeiramente arrepiante) de São Tomás de Villanova, duas cadeiras de mármore ornamentado na Sacristia, e ainda algumas esculturas em talha dourada do estilo Rococó nas capelas… Em direção ao convento geminado encontra-se um salão branco cujas paredes são forradas com azulejos históricos dos séculos XVI, XVII e XVIII. A entrada para ambos é gratuita. Para além da igreja, é possível apreciar a maravilhosa vista que envolve Lisboa no Miradouro da Graça. Este é o mais alto da cidade. O acesso pode ser desafiante, uma vez que é pedonal e pela colina acima, no entanto, vale completamente a pena!São Jorge é uma ilha repleta de pastos verdejantes a perder de vista, localizada em pleno Atlântico é considerada um autêntico paraíso para as vaquinhas. Estas avistam-se em qualquer ponto da ilha, conhecida pela produção de leite para o tão afamado Queijo da Ilha (de São Jorge); a fonte de rendimento para a maioria das famílias. A produção de leite representa 70-80% da economia da ilha.
Na movimentada baixa de Ponta Delgada, a maior cidade e a capital do arquipélago dos Açores, é possível avistar uma enorme estátua de vaca cuja localização estratégica se assemelha a uma sentinela da cidade. Os bovinos são a verdadeira mascote e símbolo dos Açores, estando presentes em praticamente todo o lado, desde postais a copos de licor e, até em decorações natalícias, disponíveis para compra nas inúmeras lojinhas frequentadas pelos turistas. Já os habitantes locais preferem abastecer-se do Queijo da Ilha na famosa loja “O Rei dos Queijos”, contígua ao edifício do mercado.
Escusado será dizer que, nos Açores, os laticínios nunca faltam! Da manteiga amarelinha pronta a barrar no pão, ao queijo fresco servido com pimenta ao pequeno-almoço; já ao jantar o protagonista é o queijo curado servido com Ananás dos Açores e vinho do Porto, que não pode faltar.
A produção de queijo nos Açores sempre ocorreu, desde que as ilhas foram colonizadas no século XV e apesar de o arquipélago estar a mais de 1500 km de distância do continente e de as suas terras apenas representarem 3% do país, hoje em dia, são responsáveis por mais de 50% da produção de queijo nacional e 30% do leite. Existem duas variedades de leite cru com Denominação de Origem Protegida: o Queijo Curado de São Jorge e o Queijo Amanteigado do Pico.