Lenda dos Azulejos Douro

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Entre num lugar onde cada detalhe é pensado de corpo e calma, sem descurar a criatividade e o amor. A nossa história inicia-se com o design inspirador dos azulejos, uma obra-prima da autoria da Maia, filha do Patrick e da Simone. O gosto e admiração pela riqueza e virtuosidade do azul e do amarelo, cores proeminentes em Portugal, durante o século XVIII, tornaram-nas na nossa imagem de marca. De nome Meraki, pronunciado “Mehrahkey”, abraça a essência de nós mesmos. Mais do que uma palavra, significa fazer algo, colocando a nossa alma no processo; isto é fazer algo de corpo e alma, com criatividade, esforço e muito amor. Procuramos traduzir este conceito num propósito digno, infundindo-o em cada aspeto do nosso trabalho no Refúgio da Quinta Nere Maitia. O Refúgio é o nosso sonho mais antigo, agora tornado realidade com dedicação e paixão. A Quinta, um paraíso que encontramos, há quase 3 anos, é como que a tela na qual desenhamos as emoções que temos sentido com o desenrolar deste projeto. Com o Meraki, não nos limitamos a construir um refúgio, mas a criar uma experiência imersa em autenticidade. Os nossos corações enchem-se de gratidão perante os indivíduos talentosos que se vieram a juntar ao Patrick e à Simone, ao longo do percurso. Artesãos, artistas, arquitetos, carpinteiros, engenheiros, entre tantos outros inúmeros criativos que assumiram uma crescente importância no projeto, ao longo dos últimos 2 anos e meio. Deixe-se envolver na beleza dos azulejos pintados à mão e na história de dedicação e mestria de cada um. Junte-se a nós e aprecie o culminar do Meraki no Refúgio Quinta Nere Maitia— um lugar onde o amor, a criatividade e a alma se interligam para a criação de uma experiência única.
Se está de visita a Portugal durante a altura do Carnaval, o difícil será escolher uma única celebração entre tantas e que, em tanto diferem. No entanto, se procura autenticidade, não há nada mais autêntico que o Festival dos Caretos. Uma tradição com mais de 800 anos, que ocorre na histórica Vila de Podence, reconhecida como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Dada a sua história, é uma das tradições locais mais antigas, na qual um ritual com mascarados (Caretos) acontece pelas ruas, que causam tropelias divertidas a todos os populares e visitantes. Os habitantes de Podence, encaram o Festival dos Caretos de modo diferente, para eles é bem mais do que um simples Carnaval. Encaram a festividade como um marco histórico que catapultou a sua terra para o plano internacional, a nível das festas pagãs. Apesar desse “rótulo”, o festival conta com mais de 800 anos de história, altura em que os Celtas viviam em território nacional. De modo a celebrar o início da primavera que dava fim ao inverno, os habitantes vestem fatos de lã coloridos, cheios de franjas e colocavam máscaras de pele no rosto e cintos com chocalhos, de modo a representar o Diabo. Em Podence durante esta altura do ano e, ao longo de três dias os Caretos eram vistos a provocar o “caos”: invadiam e pilhavam tabernas, gritando e abanando os chocalhos de modo a fazer notar a sua presença. Para além de se apropriarem do vinho, o objetivo dos Caretos era atrair as mulheres para perto de si, tocando-lhes com os chocalhos, de modo a assegurar-lhes a fertilidade- um ritual interligado com a chegada da primavera. As únicas mulheres livres dos Caretos eram as matrafonas. As matrafonas usavam máscaras feitas de trapilho (roupas velhas, cortadas em tiras e enroladas em forma de novelo), assemelhando-se a bonecas de trapos, e percorriam as ruas atirando cinzas a todos aqueles que conseguiam atingir (mais um ritual com estreita ligação à fertilidade e renovação de espírito). Este desfile culmina na Terça Feira Gorda; e para finalizar o antigo ritual, os Caretos carregavam tochas, que colocavam ao redor de um careto gigante feito de palha que ardia durante toda a noite, simbolizando o fim. Tradicionalmente, o papel de Careto cingia-se apenas aos homens que habitavam Podence. No entanto, graças à popularidade que o ritual foi adquirindo com o passar dos tempos, tornou-se mais inclusivo. De tal modo que, desde o seu reconhecimento enquanto Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2019, atualmente as mulheres podem envergar os fatos de Careto, assim como as crianças a partir dos 5 anos e fazer parte de uma tradição tão irreverente, divertida e histórica. Assim é cada vez mais comum ver famílias inteiras, vestidas a rigor (com o fato de Careto) a participar nesta tradição; isto porque há uma magia na liberdade inigualável em sair às ruas que conhecem desde sempre e brincar ao Carnaval e às pilhagens e meter-se com os outros, “tal como nos velhos tempos”. O único local da vila onde não se avistam Caretos é a Igreja. Vistos como representações do Diabo, os Caretos estão proibidos de pisar chão sagrado. Já na vila aproveitam todas as oportunidades para dançar com as mulheres e raparigas abanando os chocalhos de modo rítmico, que se assume a melodia perfeita durante as festividades. O comportamento dos Caretos de hoje em dia, facilmente se compara com o de alguns tempos atrás; maluqueiras que variam desde invadir casas (não importando se tivessem as portas e janelas trancadas), pilhar a comida e ainda, atazanar o juízo das donas de casa que se opusessem a tal. Anos foram passando e, muitas das vezes, esta era a única oportunidade que os rapazes tinham de se aproximar das raparigas a quem, secretamente, achavam graça. Para Amílcar Torres, que tinha 20 anos na década de 60, tal constituiu a oportunidade perfeita para se aproximar da sua amada. Não sem ter caído e partido algumas costelas no processo, enquanto tentava subir à sua varanda. Não obstante o azar da primeira tentativa, continuou a tentar a sua sorte até que, passado alguns anos, se casaram. Atualmente, Torres é um idoso bastante respeitado na Vila, e um exemplo para todos os Caretos, que aprendem com a sua experiência ao longo de quase uma vida inteira (exceto durante os 18 anos em que viveu fora de Portugal). A atual geração de Caretos de Podence é constituída por jovens que, ou estudam ou vivem fora da aldeia e que apenas lá regressam na altura do Carnaval; ainda assim é com um orgulho enorme que envergam as vestes e cumprem as tradições divertidas (apesar do anonimato oferecido conferido pelos fatos e máscaras). O que parece desanimar a comunidade de Caretos, não é o preço dos fatos que custam cerca de 1000€, mas sim a dificuldade em arranjar alguém devidamente qualificado para a sua confeção. Podence conta com apenas um profissional dotado para a confeção dos fatos à medida, com uma agenda deveras preenchida. O seu reconhecimento pela UNESCO, enquanto Património Cultural Imaterial da Humanidade, tem sido bastante vantajoso para a Vila e para a comunidade de Caretos, na medida em que trouxe fluxos turísticos abundantes que têm fomentado a economia local que tem prosperado a olhos vistos. De tal modo que se reuniram fundos mais do que suficientes para levar a cabo uma reconstrução e reabilitação da vila, num projeto liderado pelo Arquiteto Eduardo Souto de Moura (uma referência nos panoramas nacional e internacional).
Os Pauliteiros de Miranda. Uma dança única cuja tradição se tem mantido ao longo de gerações e que é uma das mais antigas na região de Miranda do Douro, fazendo parte da sua identidade popular e cultural. O ritmo é poderoso, graças à utilização de instrumentos ancestrais dos Pauliteiros. Absolutamente cativante do início ao fim, numa dança de espadas capaz de nos teletransportar aos tempos antigos no Norte de Portugal, onde não faltava a guerrilha, rituais religiosos e de dança. Começou por ser apenas dirigida aos homens, no entanto hoje em dia os Pauliteiros de Miranda já possuem formações exclusivamente femininas. As formações são compostas por 8 elementos (femininos ou masculinos), vestidos com as roupas tradicionais que dançam marcando o ritmo com pequenos paus (os paulitos). Para além destes, o grupo é ainda acompanhado por três instrumentistas equipados de gaita de foles, tambor e bombo e, ainda, por um elemento masculino que enverga o manto de um honra e um elemento feminino que carrega a bandeira. Para aprender sobre as origens de Miranda do Douro, há que voltar atrás no tempo até ao ano de 1286, ano de fundação da cidade de Miranda. Desde aí que a cidade se tem desenvolvido, sem precedentes, destacando-se pela produção têxtil, de calçado e joalharia, sempre cultivando e mantendo vivas as tradições. Atualmente, Miranda do Douro é considerado um museu a céu aberto, mantendo um palpável orgulho na sua herança cultural, de tal modo que se assume como uma paragem obrigatória no Norte de Portugal.
Não há lugar na Terra que se assemelhe ao Vale do Douro. Famoso pelas suas viagens de comboio com uma vista digna de postal aliadas à riqueza natural que o envolve, este local distinguido pela UNESCO enquanto Património Mundial irá decerto fazê-lo apaixonar pela vista indescritível de beleza natural tão singular. Com uma ambiência serena e sossegada, este destino constitui a escapadela perfeita para todos os que desejam escapar ao frenesim do dia-a-dia enquanto degustam as mais variadas iguarias típicas acompanhadas de um vinho que prima pela excelência.
Durante as várias fases da expansão marítima que ocorreu aquando dos Descobrimentos ao longo do século XV, registaram-se uma série de transformações nos navios utilizados pelos Portugueses. De acordo com os registos da época, em 1552, existia uma frota de cerca de 1500 barcos fluviais que serviam a cidade de Lisboa e mais 1500 que correspondiam a diversos tipos de embarcações provenientes de vários países que entravam no porto de Lisboa todos os anos. Estes navios, ficavam ancorados no porto enquanto a tripulação recolhia mantimentos, que por sua vez eram carregados ao longo do rio Tejo. Subir o rio não era tarefa fácil para os barcos, uma vez que a zona era de águas pouco profundas e os barcos eram usados com diferentes propósitos. Alguns dedicavam-se ao transporte de uma série de produtos para comércio e outros realizam apenas atividades piscatórias; daí surgiu a necessidade de criar embarcações de características diferentes: uns de quilha, outros de meia quilha e, ainda, os de fundo raso com proa curva ou direita e todo o tipo de velas e mastros; os barcos variavam também em forma, cor e dimensão. Os barcos de transporte de passageiros mais conhecidos eram: o Catraio, Caiaque, Bote, Batel, Canoa, Falua e o Bote Cacilheiro. Já os de transporte de mercadorias eram: os Barcos dos Moinhos, Barcos de Riba-Tejo, Cargueiros, Bateiras, Faluas, Canoa Cacilheira, Varinos e Fragatas. Já para a pesca eram: os Caíques, Saveiros e Muletas. De todos os navios de carga e de transporte, os Varinos e as Fragatas eram os mais emblemáticos do Rio Tejo. As rotas de comércio fluvial e de transporte de passageiros que se estabeleceram no Rio Tejo, desempenharam um papel de extrema importância até meados do século XX, na zona de Lisboa, entre as duas margens (norte e sul) e ainda na costa interior e zona ribeirinha do Ribatejo. No entanto, com o aparecimento dos barcos a vapor, nos anos 60 os pequenos barcos de mercadorias e transporte de passageiros começaram a desaparecer e a navegação em direção a montante (sentido nascente) perdeu impacto. Ainda assim, graças à determinação e paixão da comunidade e ao apoio das autoridades locais as tradições e valores da época foram mantidas e estas embarcações atraem imensos turistas curiosos.

Comboio Histórico do Douro

De junho a outubro, o Comboio Histórico do Douro, realiza as suas míticas viagens ao longo de ambas as margens do Rio Douro, capazes de teletransportar para a época, numa viagem ao tempo inesquecível! A locomotiva é movida a vapor e constituída por 5 carruagens, percorrendo o trajeto entre Régua e Tua, com a maravilhosa paisagem classificada pela UNESCO a fazer companhia. Daí, não é surpresa que muitos considerem a Linha do Douro uma das mais bonitas da Europa. Com uma extensão de 200km, a linha encerra na localidade de Pocinho (cuja antiga estação de madeira permanece intacta) bastante próxima da fronteira espanhola, pelo que o recomendável é sempre a compra de um bilhete de ida e volta. A viagem inicia-se em plena cintura urbana do Porto, com uma paisagem predominantemente cinzenta e industrial; até à aproximação de Caíde, após a passagem do primeiro túnel (o trajeto tem 23 no total), em que a vista se torna mais verde e rural. Na cidade de Ribadouro avistam-se os primeiros traços do Douro e é aqui que a viagem começa a ficar interessante. Serpenteando ao longo do rio, das janelas do comboio é possível avistar os socalcos nos quais as vinhas crescem e as Quintas onde o vinho do Porto é produzido; bem como as estações de comboio forradas a azulejo. É na última hora de viagem, que faz ligação de Pinhão a Pocinho, que se tem a vista mais incrível, vista esta que não se tem nas viagens de barco. Já fora de Pinhão, o rio estreita e o cenário adquire contornos, cada vez mais, rochosos e de montanha intocada. Em Ferradosa, a ponte de ligação à margem sul é atravessada (uma entre 35 pontes ao longo do trajeto), momentos depois avistam-se pequenos armazéns vinícolas e ferroviários e carris abandonados. À medida que o percurso se aproxima do fim, a paisagem alarga-se e de repente fica visível o vale, numa imensidão de Oliveiras, uma barragem e uma estação elétrica à distância. O percurso de regresso é o mesmo, para que os passageiros possam regressar à vida na cidade e aproveitar os inúmeros cafés e restaurantes, após um dia repleto de descobertas entre a natureza.
A música e a arte desempenham um papel de destaque na cultura portuguesa e as tradicionais danças populares, mais conhecidas por Ranchos Folclóricos, derivam das áreas rurais e da comunidade agrícola que nelas habitam. São danças enérgicas e o som difere bastante do Fado. São dançadas em grupo, mas em alguns casos podem ser a par, e a tradição tem permanecido até aos dias de hoje. Ocorrem em público aquando de festividades típicas anuais e eventos etnográficos. Caracterizam-se pelo uso de fatos típicos coloridos, masculinos e femininos e banda composta por guitarra, acordeão, instrumentos de sopro e pandeiretas/ adufes. Cada rancho adota danças e fatos diferentes, de modo a representar a região portuguesa onde se localizam. O fato feminino é, regra geral, longo, colorido e constituído por vestido ou saia e camiseiro, sapatos a condizer e, em grande parte dos casos, lenço na cabeça ou lenço de bolso. Já o fato masculino é composto por calças e camisa de mangas compridas, muitas vezes encimada por um colete, sempre de cores discretas. O uso de chapéus é comum. Para além de representarem a região da qual o grupo é originário, os fatos também apresentam diferenças de modo a representar as diferenças socioeconómicas da época.
Cada dança assume estilos diferentes, assim como o número de passos (geralmente 2 ou 3) e a disposição do grupo (em filas ou pequenos círculos). Alguns dos mais populares são o Vira, Fandango e o Corridinho (esta última advém do sul de Portugal, da região do Algarve; ainda que a maioria dos estilos de dança tenha origem no Norte). O Vira, tem origem na região norte do Minho e é, muitas vezes, comparado à Valsa. Durante o Vira, homens e mulheres formam um círculo, e andam à volta do mesmo, movimentando as mãos pelo ar e vão, continuamente, trocando de parceiro. A Chula e o Fandango, apesar de semelhantes ao Vira, diferem apenas na medida em que procedem de um modo mais mexido sob melodias e instrumentais específicos. De um modo geral, cada uma das danças inclui movimentos ao longo de uma roda (ou círculo) e movimentos de pés constantes e elaborados, no entanto, o Corridinho destaca-se por ser diferente. Durante o Corridinho, os pares mantêm-se juntos, alternando presença no interior do círculo (o lugar de destaque e para o qual se viram todas as atenções), no qual procedem a movimentos giratórios capazes de deixar o espetador zonzo apenas de assistir.

O Município de Baião

Localizado no distrito do Porto, Baião é o município menos populoso da região, é uma cidade pequena com cerca de 20 000 habitantes, mas que cativa pelo seu charme. Fica entre o Douro e o Marão e é, sem dúvida, um destino “fora da caixa”!
O Mosteiro da Serra do Pilar, conhecido pela sua forma circular, localiza-se à beira do Rio Douro, em Vila Nova de Gaia. É dotado de uma vista panorâmica sobre o centro histórico do Porto e a Ponte D. Luís I. Tanto o Mosteiro como a Ponte figuram na Lista de Património Mundial da UNESCO, desde 1996. A construção original começou no século XVI e finalizou-se no século seguinte. Infelizmente, durante a Guerra Civil no século XIX, teve de se proceder à sua reconstrução. Atualmente, está na posse das Forças Armadas Portuguesas. Apesar de os visitantes apreciarem a sua arquitetura no todo, a joia da coroa é a varanda que envolve os claustros e que, por sua vez, tem a melhor vista!
Localizada na margem norte do Douro, a Ribeira do Mosteiro é um dos mais emblemáticos lugares do Parque Natural do Douro Internacional, detendo uma herança geológica, biológica e cultural de excelência. No vale é possível observar as formações rochosas únicas e percorrer a famosa Calçada de Alpajares, um percurso ancestral no qual se avistam sinais de presença humana do período Paleolítico. Após as mudanças no ecossistema, fruto da atividade humana desde há milénios, grande parte do vale está atualmente em processo de recuperação, com oliveiras, amendoeiras, carvalhos, ciprestes, terebintos e muitas outras árvores e arbustos mediterrânicos da região. As escarpas são o abrigo natural das aves de rapina que aí fazem ninho, muitas delas de espécies protegidas: Falcão Peregrino, Chasco-Preto e ainda o Grifo. Oferecem condições perfeitas para que as colónias prosperem dada a existência de vegetação abundante.