Lenda dos Azulejos Alentejo

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Uma região fascinante, rica em história

A região do Alentejo é charmosa e a sua história é deveras rica, com milhares de anos. As suas paisagens, herança arquitetónica, cultura e legado de monumentos são únicas e excecionais! A UNESCO reconheceu e protegeu muito do seu património e paisagens. A região também oferece uma envolvência imersa na natureza de extrema beleza. Não há desculpa para não explorar as redondezas e deixar-se envolver pela natureza. É como se estivesse num recreio a céu aberto de paisagens intocadas de vinhas, sobreiros e oliveiras, campos de flores silvestres e girassóis que dançam ao sabor do vento. Uma zona de campo épica com planícies a perder de vista, montanhas, praias incríveis, lagos extensos e quintas sossegadas; uma diversidade de habitats para a variedade de vida selvagem.

A Influência do Império Romano

A ocupação Romana em Portugal durou mais de 700 anos, desde o século III a.C., até ao século IV d.C., e o reflexo disto foi a construção de cidades, estabelecimento de governos civis, plantação de colheitas e o planeamento e construção de uma rede de estradas. Roma deixou marcas que ainda hoje perduram: produção vinícola, o uso de aquedutos (como por exemplo os de Évora e de Elvas) e a língua portuguesa (que deriva do Latim). Até a tão característica calçada se acredita ter tido origem nos mosaicos romanos. As Portas de Évora foram inseridas no Eixo Este-Oeste, ao passo que o Arco Romano está ligado ao Castelo. É o único exemplo existente que assistiu à implantação do modelo ideal da cidade Romana, que consistia na interseção de duas estradas principais com orientação Este-Oeste e direção Norte-Sul. A implantação deste sistema resultou numa organização geométrica do espaço urbano.

Ponte Romana do Rio Brenhas

Também apelidada de Ponte Romana de Moura ou Ponte de Moura, é uma ponte construída durante a ocupação romana na Península Ibérica. Foi integrada na romana Via de Ebora, cujo início era em Rossio do Carmo e se estendia até ao porto de Évora, juntamente com o rio Guadiana, ligando a vila romana através da Ribeira de Ardila. A ponte fica já fora da Estrada Nacional 255, ao longo de uma estrada de terra batida à saída de Moura em direção a Amareleja. Fica numa zona isolada de planícies envoltas por olivais e vegetação densa.

O Sobreiro…Quercus Suber… ou Árvore da Cortiça:

Ao percorrer Portugal, sobretudo as regiões do Alentejo e Algarve , é possível avistar árvores “descascadas”, esculpidas de tom encarniçado e um tanto ou quanto feias, com números pintados de branco no que resta dos seus troncos. Estas são as Quercus Suber, sobreiros de folha perene, que largam pelo chão as suas bolotas e desenvolvem uma casca espessa, a cortiça. Portugal produz mais de metade da cortiça em todo o mundo, e a sua exportação tem vindo a aumentar de forma exponencial nos últimos anos, sendo o país responsável por mais de 70% da exportação mundial.
O Sobreiro é nativo do Sudoeste europeu e do noroeste africano onde se dá bem com o clima: precipitação abundante e bem distribuída, pequenos períodos de seca no verão equilibrados pela humidade atmosférica, invernos deveras suaves, céu limpo e luz solar abundante, solos profundos, permeáveis e ricos em sílica. Fascinantes e com uma importância de grande ordem, os Sobreiros apoiam uma grande diversidade de ecossistemas e, por este motivo, são uma espécie protegida cujo processo de recolha da cortiça é alvo de uma legislação e regulamentos fortes em Portugal. Existem cerca de 50 milhões de Sobreiros registados no país. As espécies, que cobrem aproximadamente 8% da área total de Portugal e constituem 28% da sua camada florestal, prosperam melhor nas zonas centro e sudeste do país, nas quais se concentram os maiores índices de cortiça de gama superior.

A Colheita

odos os anos, entre meados de maio a meados de agosto, se inicia a colheita da cortiça em Portugal, levada a cabo por recolectores com formação especializada para tal. Assim que um Sobreiro atinja os 25 anos, a sua “cortiça virgem” pode ser recolhida, sendo que o ano de retirada da mesma é marcado no mesmo (pintado-se o último número correspondente ao mesmo). A lei portuguesa proíbe que seja retirada a cortiça de um sobreiro mais do que uma vez num período inferior ou igual a 9 anos, para que assim se preserve e proteja a espécie. É quando o sobreiro atinge os 38 anos que a sua casca atinge a qualidade suficiente para que a cortiça seja utilizada para a produção de rolhas. A colheita da altura da árvore é determinada pelo diâmetro da mesma; se a árvore tiver 1 metro de diâmetro, pode-se recolher 3 metros da altura do sobreiro. Um Sobreiro tem uma vida média de cerca de 150 a 200 anos, o que significa que a colheita pode ocorrer até 15 vezes durante o seu ciclo de vida. O Processo Após a colheita, a cortiça é transportada por camiões para centrais de estabilização para ser preparada para os mais diversos processos de produção (de destacar a produção de rolhas de cortiça). Primeiramente, os pedaços de casca são prensados sob placas de cimento durante 6 meses, depois a cortiça é esterilizada com recurso a uma caldeira de grandes dimensões. Depois, a cortiça é classificada em graus de qualidade para diferentes usos, por trabalhadores experientes que visualmente asseguram a qualidade da mesma. As rolhas de cortiça são produzidas no norte de Portugal e daí, são exportadas para toda a Europa. Os resíduos de cortiça que sobram podem ser utilizados para pavimentos e materiais de construção, mobiliário, acessórios para a casa, entre tantas outras aplicações; mas também para design ecológico baseado na cortiça, uma tendência cada vez mais emergente no mercado. A Indústria A indústria europeia da cortiça produz mais de 300 000 toneladas por ano, o que representa um valor na ordem dos 1.5 biliões de euros, empregando mais de 30 000 pessoas. As rolhas de cortiça representam mais de 15% da utilização desta matéria-prima, com 66% do total da receita gerada. Dos países produtores, Portugal assume um papel de extrema importância no uso industrial da cortiça, ocupando a posição cimeira. Possui 500 fábricas, que empregam mais de 20 000 colaboradores/as, equipadas com maquinaria avançada e fazendo uso de tecnologia de ponta, o que permite que a produção vá de encontro aos elevados níveis de procura.
A nordeste, na aldeia de Algarvia, encontra-se o

“Miradouro da Vigia das Baleias”

. Aqui, tal como o nome indica, tem-se uma vista incrível sobre a costa nordeste de São Miguel. Tal como os integrantes dos baleeiros há muito tempo atrás, pode-se usar binóculos para a observação das baleias que percorrem a costa. Do lado oposto, apresenta-se a cadeia montanhosa que se ergue desde este até ao centro da ilha. Com o cume do Pico da Vara que se ergue a mais de 1100 metros de altura, a vista é, sem dúvida, impressionante.

Cromeleque de Almendres – da era pré-histórica

Considerado a StoneHenge de Portugal. Poucos são os lugares que conseguem transmitir uma mística tão poderosa e que permaneça inalterada com a passagem do tempo. A propriedade de Almendres em Nossa Senhora de Guadalupe, possui orgulhosamente um desses monumentos, de tempos mágicos e esquecidos, capaz de nos teletransportar e fazer imaginar a época pré-histórica. Este sítio de interesse fica perto de Évora e recebe visitantes de todo o mundo. O Cromeleque de Almendres foi descoberto em 1964 pelo investigador Henrique Leonor Pina, enquanto efetuava trabalhos para o mapa geológico de Portugal. Foi classificado de propriedade de interesse público em 1974, constituindo o maior aglomerado de menires da Península Ibérica. Em 2015, foi reclassificado como Monumento Nacional. Atualmente, é parte integrante do Circuito Megalítico de Évora e do Alentejo. Há, aproximadamente, 7000 anos, durante o período neolítico, a Península Ibérica assistiu a um progressivo sedentarismo dos seus habitantes. Desde caçadores que seguiam as migrações sazonais das suas presas, os humanos começaram a cultivar as terras e a criar gado para garantirem a sua autossuficiência. Assim, as populações com raízes sólidas e personalidades bem definidas começaram a prosperar. Eram diferentes, tendo em conta os locais onde se estabeleciam e as tradições que adotavam e vieram a desenvolver. O Cromeleque de Almendres reflete, em grande proporção, a era do encantamento pagão, conhecido como a Nova Idade da Pedra. Construído de face para o nascer e por do sol, este complexo megalítico (mega=grande; litho=pedra) localiza-se numa encosta suave na propriedade de Almendres. Um autêntico símbolo do Alentejo. Formado por dois complexos, construído entre o final do século VI e o terceiro milénio a.C, este cromeleque é um dos maiores e mais importantes do mundo e é bem mais antigo do que a famosa Stonehenge! No seu auge, o complexo arqueológico do Cromeleque de Almendres teria tido mais de 100 monólitos, pedras de granito de várias dimensões, todas dispostas em círculo ou forma de elipse. Desses 100, ainda existem 95 em perfeito estado de conservação, que poderão ser visitados sempre.
O Cromeleque de Almendres teve 3 fases de construção. Os 3 círculos concêntricos dos monólitos, de forma oval, datam de inícios do Neolítico. O complexo de duas elipses irregulares foi construído em meados do Neolítico e, no final deste período, ambos os complexos foram modificados, assumindo a forma que ainda hoje conservam. Apesar de os monólitos possuírem, na sua grande maioria, um formato oval, existem muitos megalitos (pedras maiores) de forma alongada. Uma destas pedras levantadas assume uma dimensão enorme; intimamente ligada ao cromeleque, apesar de isolada do mesmo, esta pedra trata-se do Menir de Almendres. Durante o solstício de verão, quando visto do cromeleque, o Menir de Almendres aponta para o nascer do sol. Apesar de a verdadeira função do Cromeleque e do Menir de Almendres não ser conhecida, a forte ligação que estes têm com a agricultura e a criação de gado é inegável. Um dos mais importantes historiadores do país, o já falecido, Professor José Hermano Saraiva, acreditava que a impregnação do interior da terra com estas pedras alongadas se assumia como uma espécie de culto à fertilização da terra com o cultivo da mente. O Menir e uma série de outras pedras que foram erigidas no Cromeleque de Almendres possuem decorações em relevo, que nos relembram da lavoura e da criação de gado. Chamam-se báculos ou, por outras palavras, gravuras com a forma de um cajado. Outras das gravuras predominantes nos menires são as linhas onduladas e radiais, círculos e pequenas covas. Hoje em dia, todos os menires estão numerados, e recomenda-se que vejam os decorados, com os seguintes números: 5; 13; 48; 56; 57; 58; 64 e 76. O Cromeleque de Almendres está envolto numa aura encantada e cheia de misticismo, sendo uma verdadeira relíquia histórica capaz de nos teletransportar à era Neolítica. Ao percorrer os menires sente-se um espírito deveras simples e pacífico, vivenciando-se uma era em que a natureza imperava no modo de vida.

Fortificação Abaluartada de Estremoz – Porta dos Currais

  Nas Guerras da Restauração, a defesa do Reino face à ofensiva Espanhola era a principal prioridade, sobretudo nas cidades fronteiriças. Foi neste contexto que surgiram muitas das fortificações nestas regiões, destacando-se a de Estremoz. Apesar de não ser, propriamente, um local fronteiriço, Estremoz funcionou como a segunda linha de defesa do território, especialmente no que diz respeito ao apoio logístico (armas, munições e depósitos de armamento). Foi o monarca D. João IV (que reinou de 1640 a 1656), o primeiro dos Braganças a reinar Portugal que, em 1642 ordenou a João Pascácio Cosmander que produzisse o design da futura muralha poligonal com os bastiões em Estremoz. Esta obra destinava-se a proteger a cidade de potenciais ataques e avanços das tropas espanholas, pelo que os novos bastiões estavam adaptados para batalhas com artilharia pesada. A Porta dos Currais foi concebida em 1670 pelo engenheiro (e também Sargento-Major) António Rodrigues e esta destaca-se por ser monumental e pela sua composição artística, com a Águia Imperial e os Grifos assentes em peças de artilharia.

O Cavalo Lusitano

  A origem da raça Lusitana é ainda um mistério, no entanto a sua história remete até ao ano 3 000 a.C., fazendo que seja uma das mais antigas raças domesticadas de cavalos do mundo. Nativo das terras e planícies quentes e áridas do sudoeste da Península Ibérica, o Lusitano entrou no século XXI com uma facilidade consumada, conservando todo o esplendor que detia nas épocas Greco-Romanas, quando era considerado o melhor cavalo para o combate e caça. Acredita-se que o próprio Hannibal, reuniu mais de 12 000 Lusitanos para a sua campanha italiana e foram feitas inúmeras referências a estes cavalos na literatura, ao longo de milénios, de destacar na Ilíada de Homero, que comprova a bravura ancestral destes exemplares. As qualidades de combate dos Lusitanos impressionaram os mouros de tal forma que, durante a sua invasão à Península Ibérica lhes chamaram os “Filhos do Vento”. O cavalo foi também considerado um presente estimado pelos califas que os valorizavam tanto ou mais do que joias e pedras preciosas; para além disto, eram fortemente valorizados pela nobreza italiana do século XV. Em Portugal, o auge da criação dos Lusitanos ocorreu durante o século XVIII, quando se estabeleceram as primeiras quintas focadas na criação destes. Atualmente, as aptidões e atributos únicos dos Lusitanos permitem que compitam ao mais alto nível em eventos equestres por todo o mundo. São também bastante procurados para fins de desporto e lazer, assim como para opção de cavalo garanhão, pela sua personalidade vincada e herança genética ancestral. A maioria dos centros de criação da raça Lusitana localiza-se nas regiões do Ribatejo e Alentejo no centro e sul de Portugal e, devido ao aumento da procura deste animal específico, o seu número de exemplares tem vindo a crescer a olhos vistos. Os puro-sangue Lusitanos portugueses, possuem uma cabeça de dimensão proporcionada, olhos amendoados e um pescoço de dimensão média finamente arqueado e com uma linha capilar estreita. Para além do peito musculoso, a sua garupa é forte, redonda e bem distribuída. A altura média de um cavalo Lusitano é de 1.6m para os machos e 1.55m para as fêmeas, sendo que as cores mais distintas são o cinzento e o castanho brilhante apesar de o preto, castanho escuro e branco também serem bastante populares. Segundo a regra, os garanhões jovens começam a ser preparados para a montagem entre os três e os três anos e meio de idade. A mais espetacular mostra do Cavalo Lusitano acontece na Feira Nacional do Cavalo da Golegã, todos os outonos, na qual é possível assistir a toda a sua glória. Mostras regulares podem também ser vistas em Lisboa no Picadeiro Henrique Calado, localizado na Calçada da Ajuda, perto de Belém e, ocasionalmente, nos jardins do Palácio de Queluz. Na praça de touros, o Lusitano pode demonstrar ao público toda a sua agilidade e habilidades. Apesar de a praça ser larga e redonda, o cavalo tem de ser corajoso o suficiente para enfrentar um touro bravo e responder imediatamente às ordens do seu cavaleiro, para virar ou enveredar por outro caminho; irá seguramente avistar um Lusitano ou Andaluso. É comum o uso de cavalos cinzentos, castanhos brilhantes ou pretos, nos filmes, sobretudo naqueles que retratam épocas medievais. E, finalmente, a Escola Portuguesa de Arte Equestre, desde o seu restabelecimento em 1979, que se dedica à preservação das tradições equestres em Portugal. Esta é uma recriação da Real Academia Equestre Portuguesa, a Real Picaria. Os trajes tradicionais de veludo castanho, os chapéus de tricórnio e o equipamento utilizado não sofreram, praticamente, alterações e os cavalos montados atualmente provêm da mesma coudelaria de sempre. Os cavaleiros da escola seguem os princípios que constam no livro Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavalaria (1790).

Templo Romano de Évora

  Conhecido como o Templo de Diana, este templo Romano do século I é o Monumento mais icónico de Évora e um símbolo Romano em Portugal. O centro histórico de Évora foi designado Património Mundial pela UNESCO. É uma das ruínas melhor preservadas na Península Ibérica e era, originalmente, parte integrante do Fórum dedicado ao Imperador Augusto, no entanto, tradicionalmente acreditava-se que a sua construção era uma homenagem à deusa da caça, Diana. Com o passar do tempo e com as invasões Germânicas do século V, algumas das colunas coríntias foram derrubadas, mas a sua maioria (14 das 18) permanece de pé no pódio de pedra de 3m, que originalmente estava envolto por uma piscina refletora. Quando Évora se tornou uma cidade cristã, o templo foi usado para diferentes fins, como uma forca durante a Inquisição e um matadouro até 1836, altura em que se decidiu que devia ser preservado como Monumento Histórico. Fica mesmo no centro da praça, de frente para a Igreja de Loios e de um lado, o Palácio do Cadaval (século XIV) e do outro o Museu de Évora.

Alentejo – o celeiro de Portugal

O Alentejo sempre foi uma fonte rica de trigo, um cereal, na altura, fundamental para Roma. Panem et circenses (pão e circo) é um ditado Romano que expressa de um modo realista os dois modos que o Imperador possuía para, em simultâneo, agradar e controlar o seu povo na altura. O trigo alentejano, que era abundante e saboroso, tornou-se o elo de ligação aquando da pacificação do povo romano durante a romanização de uma série de cidades na Lusitânia, ao longo de séculos. Era tão importante que, quando Évora ascendeu a municipium, já durante a Pax Romana, no primeiro século da Era Romana, o Imperador Julius Caesar lhe chamou de Ebora Liberalitas Julia – Évora, a Liberdade de Julius (Caesar). Daí ser a principal razão pela qual os Romanos dominaram completamente a Península Ibérica até ao século III d.C., deixando a sua influência presente nas estradas, edifícios e, sobretudo na língua portuguesa (cuja origem deriva do Latim). Hoje em dia, o Alentejo é a maior região de Portugal com mais de 28 000 km2 que se estendem da costa até à fronteira espanhola. Esta região é seca, estando sujeita a um clima que se caracteriza pela fraca precipitação e períodos de verão bastante extensos, que podem atingir os 4 a 5 meses. A falta de chuva gera períodos de calor extremo, cujas temperaturas facilmente ultrapassam os 40ºC. Ainda nos dias de hoje, muitos se referem ao Alentejo como o “celeiro de Portugal”, dado que antigamente as suas planícies estavam cobertas por trigo e cevada. Apesar de a cultura dos cereais ter perdido terreno para outras, de destacar os montados de sobreiro e os olivais, estes ainda permanecem um importante símbolo da região, sendo uma das mais importantes fontes de sustento; sobretudo a cevada (pertencente à família do trigo), uma das mais consumidas pela humanidade. Bem conhecida pelo uso na produção de cerveja, é um cereal deveras versátil, também usado na indústria panificadora, e cujos grãos fazem parte de inúmeras receitas deliciosas.

A Poupa (Eurasiática)

A Poupa é um pássaro icónico e inconfundível que fornece o som de fundo da maioria dos documentários sobre Safaris, apesar de as Poupas que se ouvem nesses documentários serem africanas, de uma espécie diferente. O pássaro possui um pescoço, peito e barriga cor de salmão (em oposição ao tom alaranjado das Poupas Africanas), uma grande crista que é achatada durante o voo (mas que se eleva sempre ao pousar e em outras alturas) e ainda, um par de asas às riscas pretas e brancas. O seu padrão de voo é inconfundível e, por vezes, assemelha-se ao das borboletas; alimentam-se de insetos que apanham do chão. Costumam fazer o seu ninho em árvores mas, por vezes, em muros de pedra ou, até, ao nível do chão.

Marvāo

  A nível geográfico, Marvão é um ponto natural de defesa estratégica, demarcado pelas encostas a norte, sul e oeste. O acesso pedonal é apenas possível desde este, direção pela qual a cidade se foi expandindo gradualmente. Este facto não passou despercebido aos conquistadores e reis, que sempre garantiram que, tanto o castelo como as muralhas, eram estimadas. Desempenhou um papel fundamental em inúmeros conflitos militares, incluindo a guerra entre o rei D. Dinis e o seu irmão D. Afonso (1299), a Crise Dinástica de 1383-85, as Guerras de Restauração da Independência (1640-68), a Guerra da Sucessão Espanhola (1704-12) e as Guerras Peninsulares (1807-11). A importância de Marvão foi reconhecida aquando da sua ascensão a cidade por D. Sancho II, em 1266. O Foral foi renovado em 1299, sendo um novo Foral emitido por D. Manuel, em 1512, que deixou a sua marca na cidade com a construção do Pelourinho e com a colocação do brasão real na Câmara Municipal. Dentro das muralhas, encontram-se ruas estreitas pelas quais se alinham as belas casinhas típicas do Alentejo. Por entre as mesmas avistam-se arcos Góticos, janelas Manuelinas, varandas de ferro forjado e outros elementos decorativos nos nichos e cantos dos edifícios em granito da região. Para além do castelo e das suas muralhas que são inesquecíveis para todos os visitantes, a herança arquitetónica de Marvão inclui a Igreja de Santa Maria, que foi transformada no Museu Municipal; a Igreja de Santiago; a Capela Renascentista do Espírito Santo e o Convento de Nossa Senhora da Estrela, fora das muralhas. A cidade de Marvão é, em novembro, o palco anual do Festival da Castanha, a ocasião perfeita para visitar a cidade e ficar a saber mais sobre as suas tradições locais.

Alentejo – fortemente influenciado pela cultura Mourisca

Os Árabes chegaram ao Alentejo no século VIII e dominaram até 1249 quando a Reconquista permitiu que estas terras ficassem sob o domínio português. Este período caracterizou-se por uma forte aprendizagem e pelo fomento das artes, com a introdução dos azulejos de cerâmica decorados, a tecelagem de tapeçarias e carpetes, peças de pele genuína e trabalhos de joalharia. Hoje, as ruas estreitas e os becos empedrados repletos de casas caiadas de branco, uma das características que mais distingue as aldeias fortificadas do Alentejo, são um dos legados dessa época. Um dos mais conhecidos vestígios mouriscos é a Igreja de Mértola, onde as colunas estreitas, as portas islâmicas em forma de “buraco de fechadura” e os traços arquitetónicos remetem para o facto de ter, outrora, sido uma mesquita do século XII. Os Mouros deixaram, também, a sua influência cultural nos nomes das terras, linguagem e alimentos. Muitas palavras de origem árabe permanecem ainda no vocabulário português. De destacar as palavras: Bairro, cabide, sofá, marfim e almofada. Oxalá – deriva de insha’Allah.” Muitos dos nomes das cidades a sul do Tejo possuem nomes de origem Romana ou Árabe. Ficaram também vestígios de edifícios, como os castelos em Alcácer e Moura, e a única mesquita (que ainda permanece de pé) em Mértola. Pelo Alentejo e Algarve, é possível avistar o belíssimo design das chaminés esculpidas e trabalhadas das casas. A Cataplana, a panela de pressão de cobre em forma de bivalve, cuja forma relembra a Tagine marroquina, é também um símbolo da gastronomia do sul de Portugal. Os Mouros trouxeram para Portugal limões, coentros (que é sobretudo usada na gastronomia do sul do Tejo) e passas de uva.

CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

  O Convento de Nossa Senhora da Conceição foi fundado pelos primeiros Duques de Beja, D. Fernando e D. Brites, pais da Rainha D. Leonor e do Rei D. Manuel, e foi um dos conventos mais ricos do sul do país. Atualmente, o Museu Regional de Beja, ou Museu Rainha D. Leonor, está lá instalado e é constituído por importantes coleções, com principal enfoque para as de azulejos, arte sacra, pintura e arqueologia.

O Sudoeste Alentejano e o Parque Natural da Costa Vicentina

  Formam a extensão costeira que melhor está preservada em toda a Europa; estende-se por 100 km, desde Porto Covo no Alentejo até ao Burgau no Algarve. Incluem várias espécies únicas de fauna e flora e recebem a visita de zoólogos e botânicos de todos os cantos do mundo. A paisagem é marcada pelos penhascos íngremes, cuja erosão ao longo dos séculos lhes conferiu uma série de formas e cores. Inúmeras espécies de aves podem ser avistadas, de entre as quais águias pesqueiras raras. A espécie mais rara é a cegonha-branca, uma vez que é o único local do mundo em que nidificam. Outra raridade é a lontra, dado que este é o único local do país e um dos últimos na Europa em que se encontram em habitat marinho. A flora inclui o maior número de espécies prioritárias em Portugal, incluindo espécies indígenas como a Biscutella Vicentina ou o Plantago Almogravensis. As praias são particularmente populares entre a comunidade surfista e são das mais apreciadas no país. A variedade de praias é tremenda, incluindo longos areais e pequenas praias metidas entre penhascos e rochas. A lista é longa e inclui as praias de Porto Covo, Malhão, Vila Nova de Milfontes, Almograve, Monte Clérigo, Arrifana e a Praia do Amado. Se tiver vontade e energia para explorar, pode descobrir uma série de praias recônditas, de beleza intocada e de difícil acesso. São sem dúvida dias bem passados a apreciar as belas praias e o por do sol, a visitar as pequenas cidades e vilas costeiras e a degustar a maravilhosa gastronomia portuguesa emparelhada com excelentes vinhos da região.

O Castelo de Sines

  Este castelo medieval foi alvo de inúmeras ações de restauro ao longo dos anos, localiza-se na cidade de Sines, na qual existe um importante porto de pesca (e o mais profundo do país). O local era um ponto natural de vigia e defesa costeira. Do castelo primitivo permanecem ainda as muralhas com ameias e torreões, a torre de menagem e as janelas, bem como o palácio do comandante militar. Na sala de armas avistam-se interessantes pinturas de armaduras, troféus de guerra e o escudo real de Dom João V. O Castelo de Sines foi classificado Propriedade de Interesse Público em 1933.